domingo, 30 de novembro de 2008

ficção , quase real ...

eram dois jovens de luto, caminhando rua abaixo. ele a abraçava, como que para dividir um bocado da dor que ela carregava. os passos eram lentos, deixavam pegadas no chão úmido feito de negro e de aslfato. ela gostava de dias úmidos. as nuvens dos dias nublados, eram como se a envolvessem e escondessem-na do mundo por alguns instantes. gostava de desaparecer nesses dias nublados. mas, hoje, o peso da existência a fazia andar devagar, se apoiando no corpo um pouco mais quente ao seu lado. quase a carregava. se arrastava. quase desistia de andar. sinceramente, ela não via hora de poder dormir. quando dormia, tudo passava. a vontade de chorar, a raiva, a culpa, a sua própria repreensão, tudo se desfazia num sono sem sonhos. ele ainda a segurava firme. apertava a sua mão, como que para se certificar de que ela ainda estava ali. era tão leve. poderia sumir que nem fumaça e ele nem notaria. o desejo de desaparecer e a força para caminhar eram vontades contrárias. até que se combinavam em uma harmonia meio trôpega naquela casal. eles tinham corações cansados. "que bom que você está aqui", ela disse. "quem bom que você ainda está aqui", ele disse. no refúgio dos sentidos formado, um pouco de carinho se infiltrava por entra a tristeza. dois corações cansados respiravam devagar. o amor se faz apoio para caminhar.

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